quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"Tudo na Apple é um segredo"

A narração do ambiente começa falando de peões de obra medindo, posicionando e instalando novas paredes, em uma área que, antes, era descoberta e o acesso era livre para qualquer funcionário. De repente, os tapumes dão lugar a vidros foscos e técnicos instalam um sistema de segurança na única entrada da nova saleta - um sistema isolado do restante do edifício. Claramente, aquele é um lugar destinado a criações secretas, e se você não foi previamente avisado dessa mudança, então definitivamente não querem você ali.
Neste tom obscuro, parece até que estamos falando de uma masmorra medieval. Mas, por incrível que pareça, estamos falando da empresa que, hoje, vende mais computadores pessoais no mundo: a Apple.
As informações acima vêm do livro de Adam Lashinsky, jornalista e editor-executivo da revista Fortune, que se infiltrou na empresa como empregado e relatou em sua obra como funciona a política da empresa de manter o máximo de segredo sobre seus produtos e invenções - não somente para os competidores fora de suas paredes, mas também pelo lado de dentro, mantendo funcionários fora das conversas. De acordo com o livro, a própria loja da Apple dentro do campus da empresa, em Cupertino, tem à venda uma camisa com os dizeres "EU VISITEI O CAMPUS DA APPLE, MAS ISSO É TUDO QUE POSSO DIZER".
Segundo Lashinsky, a sede da Apple é uma antítese de si mesma: os locais mais públicos da empresa - quadras de vôlei, áreas verdes para passeio e mesas exteriores para almoços mais comunais - escondem o núcleo de uma máquina cheia de segredos: até mesmo antes de um novo funcionário saber o que vai fazer, ele ocupa a posição conhecida como dummy job ("Serviço idiota" ou "simulado", em tradução livre). Em outras palavras, você é designado para um setor, como desenvolvimento do iPhone, mas não sabe exatamente o que vai fazer, até que lhe digam - o que leva um tempo considerável. O mesmo vale para seus colegas de trabalho: você é apresentado a eles, mas ninguém pode contar exatamente o que faz, tendo em vista que eles foram contratados na mesma condição que você e, a respeito da exatidão de suas tarefas, existem segredos.
Esse apreço pelo segredo e pelo subterfúgio, disseram funcionários a Lashinsky, jamais poderia ser violado. A pena para isso é uma, única e até óbvia: terminação contratual completa, pouco amistosa. Em outras palavras, o livro compara a Apple à Fantástica Fábrica de Chocolates, do filme homônimo, onde ninguém jamais havia pisado dentro da empresa e levado seus segredos para fora.
O livro, chamado "Inside Apple - How America's Most Admired - And Most Secretive - Company Really Works", ainda não tem tradução no Brasil. Ele conta com 240 páginas que narram o relato de Adam Lashinsky, enquanto "empregado" da Apple.

Fonte: olhardigital.com.br

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