Em maio, o grupo de hackers Lulz Security iniciou seus 50 dias de ataques a sites de grandes corporações e órgãos do Governo norte-americano, como a CIA (Agência Central dos Estados Unidos). No fim deste período, integrantes do clã postaram mensagens no Twitter dizendo que haviam cumprido sua missão e que, então, abandonariam o nome adotado. A partir daí, o grupo se diluiu dentro dos "Anonymous" e passou a realizar novos ataques sem chamar tanta atenção.
Em uma entrevista exclusiva para o site NewScientist, o cabeça do LulzSec, conhecido como Sabu, respondeu algumas questões polêmicas sobre o grupo. Entre elas, a relação com os Anônimos, o medo de ser pego e o que ele acha de ser visto de tantas maneiras diferentes, de vilão a herói. Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui. Abaixo, traduzimos os pontos principais do bate-papo.
Quem é o Sabu?
Sou um homem que acredita nos direitos humanos e na exposição de abuso e corrupção. Eu me preocupo com as pessoas e suas situações. Estou inserido no cenário político e eu tento o meu melhor para me manter atualizado das coisas que acontecem.
Nós vimos você ser chamado de tudo, do maior dos heróis ao mais maligno dos vilões. Como você se definiria?
É difícil pra mim me ver como qualquer um. Eu não estou tentando ser um mártir. Eu não sou herói e nem um supervilão, tentando derrubar os mocinhos. Eu só estou fazendo o que eu sei: denunciar abusos.
Qual foi sua primeira experiência com "hacktivismo"?
Eu me envolvi há cerca de 11 anos, quando a Marinha dos Estados Unidos estava usando a Ilha de Vieques, em Porto Rico, como um local de exercícios de bombardeamento. Havia um monte de protestos acontecendo e me envolvi apoiando o governo porto-riquenho, interropendo comunicações. Com o tempo, a marinha norte-americana deixou a ilha.
Como você se envolveu com os Anonymous?
Foi quando descobri o que aconteceu com Julian Assange. Achei a prisão dele no Reino Unido um absurdo e resolvi me envolver com o grupo [que já estava ajudando o Wikileaks].
O que você gostaria de dizer para as pessoas que acreditam que você e outros integrantes do LulzSec e Anonymous estão apenas causando problemas e danos para as pessoas, sem motivo?
Você prefere que os seus emails, senhas e cartões de crédito sejam usados por traficantes? Ou você prefere que alguém exponha tudo e te avise que está na hora de mudar sua senha? Tenho certeza de que somos vistos como pessoas más por expor a Sony e outras empresas, mas, no fim do dia, nós motivamos os gigantes a atualizar sua segurança.
Como você definie o Antisec [Operação Anti-Segurança, português]?
Exposição de corrupção. Exposição de censura. Exposição de abusos. Nós queremos ajudar nossos irmãos e irmãs em suas operações em seus próprios países, como a que tivemos no Brasil agora. A ideia é expor companhias multinacionais que colocam muito suas mãos em tudo e não têm o mesmo tempo para proteger suas senhas e cartões de crédito. E, finalmente, a educação e discussão. Nós não estamos sentados de braços cruzados, deixando que nossos direitos sejam açoitados. Agora é hora de se levantar.
Então, quando o Antisec vencerá?
Não existe vitória. Existe apenas mudança e educação.
A popularidade do LulzSec e dos Anônimos tem inspirado muitas pessoas. O que você falaria para eles?
Aqueles que estão comigo nessa luta não precisam ser hackers. Eles podem ser repórteres, artistas, pessoas públicas. Esse movimento é sobre todos contra a corrupção. Mas eu não peço que ninguém corra os mesmos riscos que eu. Eu não quero ninguém seguindo o meu caminho.
Você tem medo de ser pego?
Não tenho medo no meu coração. Eu só espero que, se eu parar, o movimento continue no mesmo caminho sem mim.
Fonte: http://www.olhardigital.uol.com.br
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